O CÉU E O INFERNO
PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO II - A PREOCUPAÇÃO COM A MORTE
Causas da preocupação com a morte — Porque os espíritas não se preocupam com a morte
CAUSAS DA PREOCUPAÇÃO COM A MORTE
1 — O homem, em qualquer situação social, desde o estado de selvageria, tem o pressentimento inato do futuro. Sua intuição lhe diz que a morte não é a última fase da existência e que aqueles que choramos não estão perdidos para sempre. A crença no futuro é intuitiva e infinitamente mais generalizada que a ideia do nada. Como se explica, entretanto, que entre os que acreditam na imortalidade da alma ainda se encontre tamanho apego às coisas terrenas e tão grande preocupação com a morte?(6)
2 — A preocupação com a morte é determinada pela sabedoria da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres vivos. É necessária, enquanto o homem não estiver esclarecido a respeito da vida futura, como um contrapeso ao arrastamento que, sem esse freio o levaria a deixar prematuramente a vida terrena e a negligenciar o seu trabalho neste mundo, que deve servir para o seu próprio adiantamento.
É por isso que, entre os povos primitivos, o futuro aparece apenas como vaga intuição, tornando-se mais tarde uma simples esperança, e finalmente se transformando em certeza, mas ainda assim contrabalançada por um secreto apego à vida corporal.